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Segundo dados da pesquisa Education at a Glance (OCDE, 2023), o nível educacional e as expectativas dos pais têm forte impacto nas decisões acadêmicas dos filhos, inclusive no Brasil. Um levantamento nacional conduzido pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Movimento Profissão Repórter, mostrou que 9 em cada 10 pais brasileiros desejam que seus filhos optem por cursos considerados “prestigiados” — como Medicina, Direito, Engenharia ou Tecnologia da Informação. Especialistas apontam que frequentemente essa influência se deve a projeções das próprias aspirações, desejo de continuidade da própria profissão ou aspirações de que os filhos obtenham uma boa situação financeira no futuro.  

Essas ideias pré-concebidas, no entanto, acabam desconsiderando profissões altamente demandadas e bem-posicionadas no mercado atual, como é o caso da contabilidade. Apesar de proporcionar altas taxas de empregabilidade atualmente, o curso de Ciências Contábeis ainda enfrenta forte resistência, em grande medida devido a estereótipos equivocados, que caracterizam o profissional contábil como um burocrata antiquado, e a profissão como maçante e fadada a ser substituída pela tecnologia.  

“Nada mais distante da realidade”, afirma o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR), Everson Breda Carlin. “A profissão contábil é uma das mais dinâmicas e tecnológicas da atualidade, além de ser essencial e estratégica para o sucesso de qualquer atividade econômica, o que a torna bastante rentável”, esclarece

Moderna, digital e estratégica

Ao contrário do que muitos imaginam, o trabalho do contador deixou de ser focado em digitação de documentos, cálculos manuais e emissão de guias. A rotina atual envolve o uso de softwares inteligentes, análise de dados, interpretação de legislação complexa, desenvolvimento de agentes de IA para execução de relatórios e produção de análises e consultoria estratégica para empresas. Com a automação de tarefas repetitivas, o papel do contador se tornou mais analítico e decisivo

Além disso, a versatilidade da profissão é um atrativo: há campo para atuação em áreas como auditoria, controladoria, planejamento tributário, perícia, finanças corporativas, compliance, contabilidade internacional e até mesmo inteligência de negócios, entre muitos outros. Para quem prefere empreender, o custo estrutural relativamente baixo para iniciar uma prestação de serviços contábeis, e a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar do planeta com acesso à internet, bastando ter à mão um celular, também são grandes atrativos para o público jovem. 

A demanda por profissionais contábeis com perfil consultivo e tecnológico tem crescido de forma consistente, o que tem impulsionado também os salários e oportunidades no setor, inclusive no exterior, como demonstram as pesquisas salariais anuais das grandes consultorias de recrutamento e seleção atuantes no Brasil.

“Diante da complexidade tributária do Brasil, companhias multinacionais, bancos, grandes cooperativas e conglomerados empresariais valorizam o conhecimento técnico e a capacidade de adaptação dos contadores brasileiros aos cenários econômicos mais desafiadores” assegura o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CRCPR, contador Laudelino Jochem

Imagem pública ainda afasta o interesse dos jovens 

Mas, afinal, que profissão dá dinheiro?  

“Nenhuma. Porque quem ganha dinheiro é o profissional, independente da área” afirmou o consultor em assessoria profissional Tadeu Patené, reportagem do Correio Braziliense. “O retorno virá a partir de um bom trabalho” disse.  

Lamentavelmente, o contador aparece na mídia quase sempre como personagem secundário, antiquado ou associado a casos de corrupção. Pouco destaque se dá à figura de excelentes profissionais contábeis que estão no topo da cadeia de decisões das grandes empresas, em todas as esferas governamentais, e dos que atuam com inovação, governança, dados, planejamento tributário e inteligência estratégica — na prática, a esmagadora maioria. 

Vale lembrar que para além do uso intensivo de tecnologia, a crescente exigência da sociedade por condutas éticas, sustentáveis e socialmente responsáveis (Environment, Social and Governance – ESG) por parte das empresas e instituições está abrindo todo um novo leque de oportunidades na profissão. Já estão em vigor, inclusive, normas internacionais e nacionais de contabilidade para a produção e interpretação de relatórios de sustentabilidade que reflitam para acionistas e stakeholders o valor agregado aos balanços pela adoção de tais práticas.  

“É óbvio que o curso de Ciências Contábeis envolve algumas disciplinas técnicas, mas recentemente a grade curricular foi amplamente reformulado para contemplar as necessidades do mercado, incorporando disciplinas práticas, bem como aquelas voltadas para o desenvolvimento de competências comportamentais – as soft skills, cada vez mais valorizadas por. 

A importância de informar melhor — e o papel dos pais 

Diante desse cenário, o CRCPR está promovendo ações para promover a valorização profissão junto à opinião pública. Uma das iniciativas é o programa Meu Futuro Carreira, voltado para adolescentes do ensino médio, com foco em orientação profissional e contato direto com contadores que atuam nas mais diversas áreas (saiba mais: https://www3.crcpr.org.br/crcpr/sem-secao/lp-meu-futuro). 

A proposta inclui, também, dialogar com os pais:

“Sabemos que vários fatores influenciam o nível de ascendência dos pais sobre as decisões dos adolescentes quanto à escolha do curso superior. Segundo especialistas, quanto mais presentes são os pais, mais os jovens ouvem e acatam o que dizem sobre o futuro e é por isso que queremos chamar a atenção das famílias para as oportunidades da nossa profissão”, esclarece a contadora Ariane Yumi, vice-presidente de Registro do CRCPR. “Com mais informação e menos preconceito, os pais podem ajudar seus filhos a tomarem decisões mais alinhadas com a realidade do mercado — e com seus próprios talentos que, cruzemos os dedos, venham se juntar a nós”, finaliza.  




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