Símbolo dos mais antigos, cuja imagem já se pode encontrar gravada na taça do rei Gudea de Lagash, 2.600 anos a.C., e sobre as tábuas de pedra denominadas, na India, nagakals. As formas e as interpretações do caduceu são muito mais variadas do que geralmente se crê, não se excluem, necessariamente.
O caduceu emblema de Hermes (Mercúrio) é uma vareta em torno da qual se enrolam, em sentido inverso, duas serpentes. Assim, ela equilibra os dois aspectos - esquerda e direita, diurno e noturno do símbolo da serpente. A serpente possui esse duplo aspecto simbólico: um deles, benéfico, o outro, maléfico, dos quais possivelmente o caduceu apresenta o antagonismo e o equilíbrio; esse equilíbrio e essa polaridade são, sobretudo, os das correntes cósmicas, representadas de maneira mais geral pela dupla espiral *. A lenda do caduceu relaciona-se ao caos primordial (duas serpentes lutam) e à sua polarização (separação das serpentes por Hermes), sendo que o enrolamento final ao redor da vareta realiza o equilíbrio das tendências contrárias em torno do eixo do mundo, o que leva por vezes a se dizer que o caduceu é um símbolo de paz. Hermes é o mensageiro dos deuses e, também, o guia dos seres em suas mudanças de estado, o que vem a corresponder justamente, observa Guénon, aos dois sentidos ascendente e descendente das correntes figuradas pelas duas serpentes.
O mesmo simbolismo exprime-se através do duplo enrolamento ao redor do bastão bramânico, pelo das duas nadi do tantrismo em volta de sushumna, pela dupla circumambulação de Izanági e Izanâmi em torno do pilar cósmico, antes da consumação de sua união; e, melhor ainda, por Fu-hi e Niu-kua, unidos por suas caudas de serpente e intercambiando seus atributos do compasso * e do esquadro * (BURN, GUET, GUES, SAIR, SCHI).
Uma outra interpretação salienta o simbolismo de fecundidade. Formado por duas serpentes acasaladas sobre um falo em ereção, o caduceu parece ser uma das mais antigas imagens indo-européias. Pode-se encontrá-lo associado a numerosos ritos, tanto na Índia antiga como na moderna; na mitologia grega, como emblema de Hermes; depois, entre os latinos, que o transferem a Mercúrio. Espiritualizado, esse falo de Hermes, o psicopompo penetra - segundo a expressão usada por Henderson, discípulo de Jung (JUNS, 156) - do mundo conhecido no desconhecido, à procura de uma mensagem espiritual de liberação e de cura. Como se sabe, o caduceu é, hoje em dia, o emblema universal da ciência médica. Todavia, o caduceu só adquire seu sentido completo na época grega, quando as asas passam a encimar as duas serpentes: a partir desse momento, o símbolo torna-se uma síntese ctono-uraniana, transcendendo suas origens, o que leva à evocação dos dragões alados chineses e da representação do deus asteca Ouetzalcoatl, o qual, após seu sacrifício voluntário, renasce, através de uma ascensão celeste, sob a forma da serpente emplumada.
A vareta mágica que representa o caduceu e que, geralmente, é composta de um bastão ao redor do qual se enrolam duas serpentes, evoca cultos muito antigos na bacia do mar Egeu, da árvore e da terra que dá o sustento às serpentes (SECG, 278). Efetivamente, o caduceu hindu associa-se à árvore sagrada... O caduceu mesopotâmico apresenta uma vareta central. Ela parece ser exatamente a lembrança da árvore... Tem-se portanto o direito de considerar a vareta do caduceu de Hermes (e também, aliás, o bastão do caduceu de Esculápio) como o símbolo da árvore, associado à divindade, morada ou substituto desta. O fato de que essa vareta tenha tomado, posteriormente, uma outra significação - o poder divinatório ou o poder de curar - em nada altera seu aspecto de símbolo da eficiência da divindade da árvore (BOUA, 166).
Para Court de Gébelin, que cita Atenágoras e Macróbio (Ambrosius Macrobius Theodosius, escritor lat., ativo no ano 400 da era cristã), o bastão simboliza o equador, as asas simbolizam o tempo, e as duas serpentes, macho e fêmea, representam o Sol e a Lua que, no decurso de um ano, percorrem a eclíptica sobre a qual estão por vezes separados, por vezes unidos. Essa interpretação convém sobretudo ao papel de Hermes, considerado como o pai da astronomia e da agricultura (BOUA, 168).
Por seu lado, os alquimistas também não deixaram de dar uma interpretação do caduceu. É o cetro de Hermes, deus da alquimia. Recebido de Apolo em troca de uma lira de sua invenção, o caduceu é formado por uma vareta de ouro rodeada por duas serpentes. Estas representam, para o alquimista, os dois princípios contrários que se devem unificar, quer sejam o enxofre e o mercúrio, o fixo e o volátil, o úmido e o seco ou o quente e o frio. Esses princípios conciliam-se no ouro unitário da haste do caduceu que surge, portanto, como a expressão do dualismo fundamental que ritma todo o pensamento hermético e que deve ser reabsorvido na unidade da pedra filosofal (VANA, 18-19).
Essa interpretação insere-se num conceito que faz do caduceu um símbolo de equilíbrio por integração de forças contrárias: representaria o combate entre duas serpentes, do qual Hermes seria o árbitro. Esse combate pode simbolizar a luta interior entre forças antagônicas, de ordem biológica ou de ordem moral, que compromete a saúde ou a honestidade de um ser. E assim é que, entre os romanos, por exemplo, o caduceu representa o equilíbrio moral e a boa conduta: o bastão representa o poder, as duas serpentes, a prudência, as duas asas, a diligência, e o capacete, os pensamentos elevados. Todavia, neste caso a interpretação não ultrapassa de modo algum o nível do emblemático. O caduceu reúne também os quatro elementos da natureza e seu valor simbólico: a vareta corresponde à terra, as asas, ao ar, e as serpentes, ao fogo e à água. No que concerne a estas últimas, porém, não é apenas o seu rastejar serpenteante que as faz semelhantes ao movimento ondulatório das vagas e das chamas ou que as assimila à água e ao fogo *: é sua própria natureza, ao mesmo tempo ardente, pela mordida venenosa, e quase líquida, pela fluidez de seus corpos - o que as torna fontes de vida e de morte a um só tempo. Segundo o esoterismo budista, particularmente o ensinamento tântrico, o bastão do caduceu corresponde ao eixo do mundo, e as serpentes, à Kundalini, essa força que dorme enroscada em espiral na parte inferior do dorso humano, e que se eleva através dos chakras sucessivos até acima da fontanela (ou moleira), símbolo da energia pura, que anima a evolução interior do homem. Efetivamente, o que define a essência do caduceu é a própria composição e a síntese de seus elementos. Ele evoca o equilíbrio dinâmico de forças opostas que se harmonizam para constituir uma forma estática e uma estrutura ativa, mais altas e mais fortes. A dualidade das serpentes e das asas mostra esse supremo estado de força e de autodomínio que pode ser realizado tanto no plano dos instintos (serpentes) quanto no nível do espírito (asas) (CIRD, 34-36). No entanto, o caduceu permanece como o símbolo da enigmática complexidade humana e das possibilidades infinitas de seu desenvolvimento. O atributo de Hermes (Mercúrio) é feito de uma vareta que é a vara de ouro, ou a árvore da vida, em torno da qual se enrolam simetricamente, em forma de 8, duas serpentes *. Hermes , diz Homero, segura a vara por meio da qual ele embruxa a seu bel-prazer os olhos dos mortais ou desperta aqueles que dormem (Ilíada, XXIV, 343-344).
A vara poderia lembrar, ainda, a origem agrária do culto de Hermes e os poderes mágicos que ele detém; as duas serpentes evocariam o caráter originalmente ctoniano desse deus, capaz de descer aos Infernos e de para lá enviar suas vítimas, ou, conforme sua vontade, de retornar dos Infernos trazendo consigo de volta à luz certos prisioneiros. Pausânias assinala um culto que era prestado ao Hermes negro e ao Hermes branco - os dois aspectos, ctoniano e uraniano, nefasto e favorável, do mesmo deus. As serpentes do caduceu designam essa ambivalência, que é a mesma ambivalência do homem.
Finalmente, de acordo com a interpretação simbólica inspirada por sua ética biológica, e de acordo com a interpretação mitológica que atribui o caduceu a Asclépio (Esculápio), pai dos médicos e futuro deus da medicina porque sabia utilizar as poções para curar os enfermes e ressuscitar os mortos, Paul Diel explica o caduceu da seguinTE MANEIRA: A Maça (clava), que é a arma contra a banalidade, transformou-se em bastão-cetro, símbolo do reino espiritual sobre a vida terrena, símbolo do reinado do espírito sobre o corpo, e a serpente-vaidade (a negação do espírito, a exaltação imaginativa, princípio essencial de todo desregramento malsão) derrama seu veneno na taça salutar (DIES, 230).
É toda a aventura da medicina que se desenrola no mito de Asclépio e se resume no caduceu: a verdadeira cura e a verdadeira ressurreição são as da alma. A serpente enrosca-se em volta do bastão, que simboliza a árvore da vida, para significar a vaidade domada e submissa: seu veneno transforma-se em remédio, a força vital pervertida reencontra o caminho certo. A saúde é: a justa medida, a harmonização dos desejos (a simetria das espirais das serpentes), a ordenação da afetividade, a exigência de espiritualização-sublimação, (que) presidem não apenas à saúde da alma, (mas também) co-determinam a saúde do corpo (DIES, 233). Essa interpretação faria do caduceu o símbolo privilegiado do equilíbrio psicossomático.
O que de fato significam os símbolos, quando se referem ao nosso exercício profissional, é matéria de nosso interesse. O anel do contabilista é sempre motivo de interrogação sobre seu verdadeiro significado. Sabemos que a interpretação é sempre um risco, mas a imaginação supre e compensa, quando nos permite dar sabor de dignidade ao que conosco carregamos. A simbologia do nosso anel perde-se na noite dos tempos, mas muito dela ainda resta para comentarmos e buscarmos em seus verdadeiros significados.
Símbolos são lembranças de conceitos. Diz um antigo ditado que um símbolo vale mais que cem palavras. Nas profissões, os anéis representam os graus que conseguimos, ou seja, evidenciam que nos qualificamos em determinado campo do conhecimento. Como a aliança representa a constituição matrimonial, e os escudos representam as agremiações ou entidades, da mesma forma, os anéis são peças representativas, e enquanto "anéis de grau", eles identificam as profissões que dependem de estudos.
Atuando em uma das mais antigas profissões do mundo (a Contabilidade já era exercida na Suméria há quase 6.000 anos), o contabilista também criou o seu anel. No Brasil, ele vem desde o tempo dos "peritos-contadores" (há mais de 50 anos), e desde seu aparecimento possui as seguintes características:
Todos esses componentes formam um agregado e possuem um significado, ou seja, eles são simbólicos. As interpretações variam, mas as que conhecemos e admitimos passam a prevalecer. Em verdade, tudo vem de uma tradição, de um costume, e não de um dever ou obrigação. Símbolos não são normas compulsórias, a não ser, quando integrantes de um complexo interpretativo como os idiomas e os teoremas.
A tradição deu ao anel do contabilista a identificação central, por sua pedra cor-de-rosa forte. Classificada como semipreciosa, ela possui estrutura hexagonal, apresenta índice de 7,5 a 8 na escala de dureza de Mohs (que varia de 1 a 10). Quando apareceu, a profissão ainda não estava dividida em técnicos e contadores. Eram só peritos-contadores e, posteriormente, contadores (a última turma, antes da divisão, foi formada no final da década de 40 do atual século XX).
Tal pedra é um silicato hidratado de alumínio, ferro, magnésio e potássio e tem a cor rosada mais forte. O nome "rubislite" vem da Escócia, do termo "rubislaw" e foi dado por Heddle em 1879. A cor eleita provém da semelhança com a do Direito - o rubi - dadas as ligações doutrinárias que no início do século existiam entre a Contabilidade e o Direito, a ponto do anel ter de um lado a Tábua da Lei, e do outro, o Caduceu. Naquela época, predominavam no Brasil as aulas de Carlos de Carvalho, com forte influência personalista. Aprendia-se a definição de patrimônio como "conjunto de bens, direitos e obrigações". Portanto, predominava a corrente personalista. As explicações científicas eram buscadas na vizinhança, ou seja, no Direito.
Os próprios conceitos de "débito" e "crédito", que ainda hoje utilizamos, surgiram de uma extensão dos registros de contas pessoais do meu e do seu. Na baixa Idade Média, ensinava-se o processo da partida dobrada, a partir do conceito jurídico: "faça de conta que essa caixa é uma pessoa que você debita por tudo que a entrega, e credita por tudo que dela recebe". Assim, está registrada na obra de Luca Pacioli, a forma de ensinar a debitar e creditar, em 1494, há meio milênio passado.
A influência da força jurídica predominou nas mais fortes correntes doutrinárias, mesmo na era científica, surgida no século XIX. Embora a corrente personalista tenha sido ultrapassada pelas teorias modernas do controlismo de Fábio Besta, do patrimonialismo de Masi, do aziendalismo de Zappa, até hoje, por inacreditável que pareça, ainda estamos a emitir algumas normas pautadas na ciência jurídica.
Alega-se que essa passagem do antigo domínio do Direito para as correntes materialistas, com a adoção do título de contador para Bacharéis, Mestres e Doutores, deu origem à mudança da cor da pedra para um azul forte, bem escuro. O uso das duas cores passou, inclusive, a admitir, para alguns, que a rosa se conservaria para os técnicos, e a azul, para os contadores.
Teríamos, nessa hipótese, duas pedras, para os dois graus respectivos: o médio e o superior. Há, ainda, quem admite que o anel é privativo de quem diploma-se no curso superior e que os técnicos não teriam direito a tal prerrogativa. Seja como for, a pedra simboliza essa afinidade com a lei e tem sua cor próxima a de uma profissão dedicada às leis, com fortes ligações com a Contabilidade.
Entretanto, a tradição ainda está a conservar a pedra rosa como a predominante (rubislite). As preferências têm ditado o uso, e a tradição pesa, ainda, a favor da pedra cor-de-rosa forte, pois assim era antes da segmentação, quando só havia contadores.
Os brilhantes que ladeiam a pedra principal não são privilégio da nossa profissão. Todos os anéis de grau possuem os brilhantes. Atribui-se a isto o símbolo do "valor cultural", associado ao "maior valor das pedras preciosas". É a nobreza da natureza, lapidada: o diamante que virou brilhante, a pedra bruta que virou pedra polida, luzente, e a mais nobre de todas as pedras.
Tal simbologia é antiga. Comparou-se sempre o homem sem instrução com a pedra bruta, e depois de receber a luz da sabedoria, com a pedra polida. Muita literatura tem se dedicado a tal comparação (como a interessante obra do Dr. Getúlio Gadelha Dantas: "Fragmentos da Pedra Bruta", editada pela LEMI, em Belo Horizonte, s/data), por ser realmente significativa no campo simbólico.
Admitimos, pois, como aceitável e muito adequada, a inserção dos brilhantes para significar o polimento cultural no anel que representa o grau de cultura. Os símbolos do "polimento do homem" e da "expressividade do valor de tal polimento" representam a natureza de sua qualidade e a grandeza de sua importância no contexto cultural.
Admitimos, pois, como aceitável e muito adequada, a inserção dos brilhantes para significar o polimento cultural no anel que representa o grau de cultura. Os símbolos do "polimento do homem" e da "expressividade do valor de tal polimento" representam a natureza de sua qualidade e a grandeza de sua importância no contexto cultural.
Em um dos flancos do anel se insere a Tábua da Lei. Ela tem a forma clássica de um retângulo, encimado por um semicírculo que se insere no meio da horizontal superior da figura, eqüidistante das laterais verticais; ao meio, o retângulo se divide por uma linha vertical, onde, em seus espaços, existem pequenas horizontais, sugerindo algo escrito, como se fossem normas ali gravadas.
Advém da antiga tradição que a lei foi entregue a Moisés em uma tábua, contendo os mandamentos ou normas de convivência dos homens, e que seriam as leis de Deus. Outros dizem que provém das tábuas onde eram inscritas as leis básicas de antigas civilizações, como as de Cartago e Roma. As de Cartago eram gravadas em bronze e eram tábuas expostas. As da Roma antiga, na fase áurea de sua afirmação como civilização, seriam as famosas XII Tábuas. As Leges Regiae, do tempo da realeza em Roma, eram apenas dispositivos de Direito costumeiro, relativos principalmente às coisas sacras, e só indiretamente relacionados com o Direito privado.
A Lei das XII Tábuas (Lex Duodecim Tabularum), em vigor desde 449 a.C., foi uma codificação geral redigida por dez magistrados. Nem todos os seus dispositivos chegaram até os tempos atuais, mas, por meio das escritas dos jurisconsultos, ela pôde ser estudada em suas tendências e detalhes. Era um código de Direito privado, com prescrições de Direito penal e alguns artigos de Direito religioso. Acredita-se que uma missão romana tenha ido aos Estados Gregos para inspirar-se em suas leis. A idéia da codificação talvez fosse grega, mas ela traz a marca incontestável, e em alto grau, do espírito romano. Não tem fundo helênico, mas codifica os velhos costumes nacionais. Gravados os seus dispositivos em placas de bronze, era exposta em logradouros públicos. Constituía a base da cultura jurídica. Em criança, Cícero a teria decorado.
O conteúdo jurídico da Lei das XII Tábuas era relativo à liberdade pessoal e à igualdade dos cidadãos: garantia a liberdade de ação individual no domínio privado, reconhecendo contratos e testamentos; definia certos pontos de Direito privado como usucapio, obligatio, manus, patriapotestas, tutela e connubium. Continha também esta lei a prescrição de penalidade, em caso de falso testemunho, corrupção, calúnia e outros crimes. Além disso, ela regulava as formas de processo e ditava regras de higiene e de economia.
A Lei das XII Tábuas punha termo às arbitrariedades dos magistrados patrícios e às injustiças geradas pela ausência de uma legislação escrita. Ao Direito costumeiro, desconhecido do vulgo, desigual para patrícios e para plebeus, substituía um código conhecido de todos, garantindo, em quase todos os casos, direitos iguais. Codificada a legislação do passado, a lei não ficou cristalizada, mas continuou a progredir e a adaptar-se às alterações sociais que surgiam. De fato, ela deu base a um Direito costumeiro novo, o jus civile, cujas fontes eram a interpretation ou responsa prudentium e os éditos dos magistrados, investidos da função judiciária, ou jurisdictio, como os pretores urbanos e peregrinos. Nova consolidação só foi feita mil anos mais tarde, no tempo de Justiniano.
Disto tudo, ao longo do tempo, a expressão Tábua da Lei tornou-se inequívoca, enquanto um símbolo que hoje representa aquela forma de editar a legislação. Também os balanços do governo - no tempo da civilização pré-helênica, minóica - eram expostos em praça pública, em tábuas de mármore (como Melis comprovou ser nos estudos realizados na Ilha de Creta). A escrita dos sumérios e dos babilônios, há 6000 anos, era feita em tábuas de argila. Seja o que for, a tábua particular ou pública, que era um instrumento de respeito e uso da "lei", representa o símbolo onde se gravavam as obrigações do homem perante seus semelhantes, perante o Estado.
A profissão contábil está, de fato, muito atada, em sua parte de escrita de demonstração e de informação, ao regime legal (o que já não ocorre no campo da ciência onde o fenômeno prevalece sobre a forma da lei). Aceitar a tábua como instrumento simbólico, e a Tábua da Lei como afinidade íntima, parece-nos justo, para lembrar perenemente a responsabilidade legal da escrita contábil como instrumento de fé pública, e como o limite em que a atuação profissional não deve transgredir. Todas essas idéias se adaptam a uma simbologia que apresenta, como uma de suas bases, a responsabilidade na execução da lei.
As tábuas foram familiares ao uso da escrita pelas civilizações mais antigas, e a lei uma incumbência que terminou por responsabilizar os contabilistas como poderosos e importantes colaboradores e geradores de informações do sistema legal. Tudo isto, em função da escrita, que hoje sabemos representar, apenas, uma parte da cultura contábil. Por muito tempo e até princípios do século XIX, confundiu-se o conhecimento contábil apenas com o de registrar e informar. Somente a evolução científica libertaria a Contabilidade do domínio da forma (informação) para fazer prevalecer o da essência (o fenômeno patrimonial).
As tradições do anel, todavia, prendem-se a essa fase aparente de nossa profissão, em seu estágio inicial. Na outra lateral do anel está uma figura que representa uma estilização do caduceu, mostrando-o encimado pelo capacete do deus Mercúrio ou Hermes (o primeiro, da mitologia romana, e o segundo, da mitologia grega, mas identificáveis, pelos historiadores, como sendo o mesmo).
O anel do contabilista é um agregado de símbolos que deve sugerir ao seu portador lembranças importantes, relativas ao desempenho profissional específico de sua área, não havendo distinção entre o anel do Contador e do Técnico em Contabilidade. Sendo um objeto identificador de cultura e habilitação para o exercício da profissão contábil, seus símbolos inspiram significações nitidamente sociais, ligadas à lei e à proteção dos que desempenham atividades, visando cumprir finalidades humanas produtivas, em favor próprio e da sociedade.
A tábua da lei, o caduceu, a pedra rosa forte e os brilhantes são símbolos de qualidades culturais da profissão que lembram os deveres do contabilista como colaboradores e geradores de informações no cumprimento do direito, como guardiões da riqueza nas atividades produtoras da satisfação das necessidades humanas e sociais.
Narração dos acontecimentos relativos à técnica e à ciência da Contabilidade.
A nossa história é tão antiga quanto a própria História da Civilização. Esta presa às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos.
Nossa história está revestida de fatos que demostram uma evolução muito lenta no tempo, prendendo-se em sua manifestações primeiras, exclusivamente, à própria história das Contas, ou seja, fazer daquilo que se tem ou daquilo que deverá ser entregue a terceiros.
Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada.
À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros.
Tais inscrições, de início bem rudimentares, foram consequência da vida, segundo afirma Federigo Melis.
A História da Contabilidade mereceu diversas divisões, de acordo com os diversos estudiosos; segundo o Prof. Federigo Melis, divide-se em quatro períodos distintos:
A História da Contabilidade mereceu diversas divisões, de acordo com os diversos estudiosos; segundo o Prof. Federigo Melis, divide-se em quatro períodos distintos:
História Antiga ou da Contabilidade Empírica, que vai de cerca de 8.000 anos atrás até 1202 de nossa era.
História Média ou da Sistematização da Contabilidade, que vai de 1202 até 1494.
História Moderna ou da Literatura da Contabilidade, que vai de 1494 a 1840.
História Contemporânea ou Científica da Contabilidade, que vai de 1840 até aos nossos dias.
A Historia Antiga refere-se aos estudos do registro dos fatos contábeis na Suméria, Egito, Elão etc., e termina com o aparecimento de Leonardo Fibonaci, o Pisano.
A História da Sistematização formou-se no período em que a Contabilidade assumiu formas sistemáticas de registro, no século XIII, quando Luca Paciolli publica o seu famoso TRACTATUS, na Summa de Aritimatica. Segue-se a fase da literatura, com centenas de obras em todo o mundo, todas de teor prático, terminando quando Francesco Villa, em 1840, publicou a sua magistral obra que abriu o período científico. Esta época científica apresenta-nos outra faceta de grande interesse na História da Contabilidade - a fase da História das Doutrinas Contábeis, em sua forma de aparecer, evoluir, derivar ou extinguir.
Atualmente o progresso científico da Contabilidade é deveras extraordinário, continuando a sua história a possuir páginas brilhantes, escritas por valorosos mestres.
O Dia do Contabilista, foi instituído sob a inspiração do Senador João Lyra, em 25 de abril de 1926, ocasião em que proferiu discurso que enalteceu a Classe Contábil Brasileira.
O Dia do Contador, por sua vez, foi instituído no ensejo de comemorar a criação do Curso Graduação de Ciências Contábeis pelo Decreto-Lei nº 7.988, de 22 de setembro de 1945. Sendo que a 22 de setembro de 1982, comemorou-se pela primeira vez, em Brasília-DF.
O apóstolo Mateus, filho de Alfeu, e também conhecido por Levi, era de origem judaica. Exerceu na juventude o cargo de publicano, ou seja, o de cobrador de impostos, na cidade de Carfarnaum, estando-lhe atribuído o pelouro alfandegário. Dentro de suas atribuições - idênticas ás dos publicanos da velha Roma - estava a elaboração das escritas e formulação dos principais documentos de receita.
Atraído pela palavra de Cristo, Mateus deixou o telônio e dedicou-se à evangelização, deixando uma grande obra como escritor evangelista. Proclamado "Celeste Patrono dos Contabilistas" em 06 de agosto de 1953, por iniciativa dos Colégios de Contabilistas italianos. São Mateus é venerado pela igreja, como mártir, em 21 de setembro, dia que os contabilistas devem consagrar ao santo Padroeiro.
“Ao receber o grau de Bacharel em Ciências Contábeis, juro, perante Deus e a sociedade, exercer a minha profissão com dedicação, responsabilidade e competência, respeitando as normas profissionais e éticas.
Juro pautar minha conduta profissional observando sempre os meus deveres de cidadania, independentemente de crenças, raças ou ideologias, concorrendo para que meu trabalho possa ser um instrumento de controle e orientação útil e eficaz para o desenvolvimento da sociedade e o progresso do país.
Comprometo-me, ainda, a lutar pela permanente união da classe contábil, o aprimoramento da ciência contábil e a evolução da profissão”.
“Ao receber o meu diploma de Técnico em Contabilidade, juro, perante Deus e a sociedade, exercer a minha profissão com dedicação, responsabilidade e competência, respeitando as normas profissionais e éticas.
Juro pautar minha conduta profissional observando sempre os meus deveres de cidadania, independentemente de crenças, raças ou ideologias, concorrendo para que meu trabalho possa ser um instrumento de controle e orientação útil e eficaz para o desenvolvimento da sociedade e o progresso do país.
Comprometo-me, ainda, a lutar pela permanente união da classe contábil, o aprimoramento da ciência contábil, a evolução da profissão e a realizar esforços para a continuidade de minha formação contábil”.
Letra e Música: Ísis Martins Raposo Castelo Branco
Criado na gestão do presidente Raulino Filho
Interpretação: Lucia Alvino
Salve nossos contadores
que trabalham com valor,
e são grandes lutadores,
com esmero e com ardor,
ajudando nosso Brasil,
a crescer e se elevar,
com afeto varonil
para a pátria exaltar.
Procuremos todos unidos,
Nosso dever bem cumprir,
Elevando nossas finanças
A grandeza do porvir!
Seguindo as leis trabalharemos,
Com inteligência e prazer,
A vitória conquistaremos,
Para o progresso acontecer,
E teremos recompensados,
O esforço da união,
E teremos conquistado,
O respeito da nação.
O primeiro Código de Ética dos profissionais da contabilidade, no Brasil, foi aprovado pelo Conselho Federal de Contabilidade durante o V Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado de 8 a 15 de julho de 1950, em Belo Horizonte (MG).
Esse pioneiro conjunto de normas – destinado a “fixar a forma por que se devem conduzir os contabilistas no exercício profissional, perante seus colegas, sua classe e a sociedade” –, era uma aspiração da classe e foi uma conquista considerada de grande importância. Registros históricos relatam que, desde o III Congresso de Contabilidade, realizado de 21 a 26 de maio de 1934, em São Paulo, já havia discussões para se criar um código de ética para a categoria, o que ocorreu quase 20 anos depois.
Criado em 1950, o Código de Ética ganhou o reforço, em sua aplicação, em 1970, quando, em reunião plenária realizada no dia 26 de junho, os conselheiros do CFC aprovaram a constituição do Tribunal Superior de Ética Profissional, com a função de garantir o cumprimento das normas estabelecidas no documento. Houve também a atualização do Código, publicado por meio da Resolução CFC n.º 290/1970.
Novo melhoramento no conteúdo ocorreu em 1996, com a Resolução CFC nº 803 – e alterações posteriores, onde essa Resolução foi revogado no dia 1º de junho de 2019, e passou a vigorar a Norma Brasileira de Contabilidade NBC PG 01 - Código de Ética Profissional do Contador, de 7 de fevereiro de 2019.