Por Aécio Prado Dantas Júnior, vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC
No dia 15 de outubro de 1827, por meio de decreto, o então imperador Dom Pedro I cria o ensino elementar no Brasil, instituindo as chamadas escolas de primeiras letras em todas as cidades e vilas do país. Anos depois, por meio do Decreto nº 52.682, de 14 de outubro de 1963, o então presidente da República João Goulart declara que o dia 15 de outubro será dedicado ao professor e motivo de feriado escolar em território nacional, como forma de comemorar condignamente o dia desse grande profissional.
No Brasil, o curso superior em Ciências Contábeis e Atuariais foi instituído pelo Decreto-Lei nº 7.988, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 22 de Setembro de 1945, data na qual também é comemorado o Dia do Contador e que, em 2020, completa seus 75 anos de história. Muito se especula sobre as origens do ensino da contabilidade no Brasil: escolas de comércio, aulas de escrituração mercantil, aulas de práticas comerciais, entre outras modalidades correlatas. Todavia, com o passar dos anos, o ensino contábil tornou-se indispensável nas mais diversas áreas do conhecimento e o curso superior em Ciências Contábeis consolidou-se em todo o país. Dados levantados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no ano de 2018, apontavam a existência de mais de 350 mil matrículas nos 1.489 cursos de graduação em Ciências Contábeis existentes no Brasil, na modalidade presencial e a distância. No âmbito da pós-graduação, o levantamento apresentava a existência de 37 cursos de mestrado, sendo 31 acadêmicos e 6 profissionais, bem como 15 cursos de doutorado, sendo 14 acadêmicos e 1 profissional.
O ano de 2020 vem sendo marcado por uma série de desafios que afligem todas as classes profissionais, o principal deles é o enfrentamento à pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19). Com a pandemia instaurada, o mundo se vê em situação de emergência generalizada e cria-se a necessidade de manter o distanciamento social, de modo a evitar o contato entre os indivíduos e, consequentemente, a propagação do vírus que deixara toda a população mundial temerária. Com a classe docente não foi diferente, professores que estavam habituados a aulas presenciais, salas de aula cheias e à utilização de recursos convencionais, se viram obrigados a utilizar novas tecnologias para garantir a manutenção de suas aulas de maneira remota e atender aos anseios de milhões de discentes que passavam pela mesma crise. É hora de enfrentar novos desafios!
Sensibilizado pelo tema, o Encontro Nacional de Coordenadores e Professores do Curso de Ciências Contábeis (ENCPCCC), que aconteceu nos dias 29 e 30 de setembro, na modalidade on-line, apresentou o painel sobre transformação digital no ensino superior e apresentou os resultados de uma pesquisa realizada com docentes de todo o Brasil. A pesquisa buscou dar significado ao processo de transformação digital na educação contábil no país, diante do fenômeno da pandemia, ao avaliar fatos, sentimentos e mudanças no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva do docente. O estudo foi organizado pelo professor Edgard Cornacchione (USP) e contou com a participação dos professores Cacilda Andrade (UFPE), Eduardo Nascimento (UFMG) e Marcelo Cunha (FIPECAFI). O painel foi moderado pelo também professor Elias Dib Caddah Neto, conselheiro do CFC.
Os resultados apontam que, dos 528 docentes que participaram da pesquisa, 92% estavam habituados a ministrar aulas presenciais antes da pandemia e 47% desses nunca havia sequer lecionado disciplinas em formato EaD anteriormente. Nota-se, então, que a realidade é nova para muitos, uma vez que 89% dos docentes participantes relataram que as Instituições de Ensino Superior (IES) às quais estão vinculados migraram o formato das aulas para a modalidade não presencial durante o período pandêmico. Ao analisar os relatos abertos apresentados pelos docentes, constata-se que muitos se queixam de experiências atribuladas na utilização de novas plataformas digitais, 51% desses receberam apenas de 0 a 5 horas de treinamento para lidar com as novas ferramentas. Quando questionados sobre os métodos avaliativos de aprendizagem, 56% dos respondentes afirmam que a prova continua sendo o principal meio de avaliação, entretanto, citam também outras soluções encontradas como forma de diversificação para o momento, tais como: atividades em grupo, debates, fóruns, seminários e exercícios. Quanto à retomada das aulas presenciais, 70% dos docentes afirmam que sua IES possui algum plano de retorno, 22% desses acreditam em um retorno das atividades presenciais ainda no ano de 2020 e cerca de 49% preveem o retorno somente para o ano de 2021.
A prática da constante busca por novos conhecimentos é habitual na carreira docente, e a realidade atual traz uma série de novas possibilidades que devem ser exploradas e utilizadas com magnificência nesse grandioso processo de aprendizagem entre professores e alunos. Feliz Dia do Professor!
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