"As comissões de diversidade foram criadas a partir de uma provocação e de um diálogo realizado no fim de 2021, que levantou uma bandeira para os demais estados. E o encontro de hoje é fruto deste andar coletivo. Boa parte das nossas comissões estão se encaminhando para comemorar um ano de formação. Levantar esta bandeira coletivamente faz com que consigamos nos posicionar de forma sólida e que nossa chegada seja respeitada. Temos esta responsabilidade de enxergar a contabilidade como instrumento político para a permanência da diversidade. A sociedade contábil toda ganha com estes diferentes olhares. Toda esta mobilização almeja que a gente melhore a sociedade. Então, que possamos sempre nos fortalecer neste olhar", disse Iago França Lopes, coordenador da Comissão de Diversidade e Inclusão Profissional do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR), que promoveu o 1º Encontro das Comissões de Diversidade e Inclusão de CRCs, no dia 27 de abril.
Pioneiro na abordagem sistemática da questão da diversidade e inclusão no ambiente contábil, o evento contou com a participação dos presidentes do CRCs do Paraná, Laudelino Jochem, do Bahia (CRCBA), André Luís Barbosa dos Santos, e São Paulo (CRCSP), José Aparecido Maion, e com a diretora executiva do Conselho Federal de Contabilidade, Elystevania. Os trabalhos foram conduzidos pelo coordenador da Comissão do CRCPR, o prof. Iago França Lopes.
““Quando tomei a decisão de criar a Comissão de diversidade e inclusão, fui bastante criticado. O Paraná é um estado que precisa avançar muito nesse sentido. Ainda ouço comentários que me deixam bastante preocupado e triste, pois em pleno século 21, nós já deveríamos, como seres humanos, ter superado as questões raciais, de gênero, entre outras. Mas ainda temos uma camada muito grande da população, e dos profissionais da contabilidade, que seguem agindo com preconceito e que acabam atrapalhando o bom convívio, o bom relacionamento dentro da sociedade. (...) Mas hoje, depois de mais um ano de criação dessa comissão, começo a perceber que as pessoas começam a refletir sobre essa causa e começaram a ver que realmente é preciso mudar. Estamos no caminho certo,” afirmou o presidente do CRCPR, Laudelino Jochem.
O presidente do CRC na Bahia, André Luís Barbosa dos Santos, discorreu brevemente sobre a experiência do conselho desde a criação da Comissão, compartilhando a experiência com a pauta inclusão e diversidade.
“Um racismo estrutural, que evidencia todos os rótulos, compromete toda a sociedade, a saúde mental, os espaços e os acessos. Então, a primeira ação que tive como presidente, foi criar a comissão da diversidade e, entendendo que a pauta da negritude, é um dos temos deste macro, que é a diversidade. Depois da criação, identifiquei uma grande representação LGBTQIA+, que não percebia antes. As mulheres não tinham uma intensa representação, sendo que a estrutura tinha um grade número de mulheres. Também identificamos mais pessoas com deficiência prestando o Exame de Suficiência. Tudo isto, porque o acolhimento faz com que as pessoas se sintam representadas e participem mais. A comissão da diversidade existe para, na minha opinião, em algum momento, poder não existir mais. Não deveria ser preciso, mas é. E eu agradeço os regionais que abraçam esta causa. O que queremos é valoriza e respeitar. As pessoas são competentes em sua diversidade, mas não tem espaço. Nós todos somos a diversidade", disse Santos.
Depois, o presidente do CRC São Paulo, José Aparecido Maion, deu seu relato sobre o tema.
"Estamos em pleno século 21 e parece que o ser humano não evolui. Temos que ter respeito a tudo e todos. Não haveria necessidade, se tivéssemos aprendido a respeitar. Temos que ter responsabilidade e atingir os 3 Hs: a humildade, a honra e a honestidade. Estamos fazendo algo em benefício da sociedade e do ser humano. Tenho prazer e honra de estar participando. Contem com nosso apoio", falou Maion.
A diretora executiva do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Elys Tevania, que representou o presidente Aécio Dantas, parabenizou a iniciativa e falou sobre a implantação do programa CFC Inclusivo:
“O grande objetivo do Conselho Federal de Contabilidade, com essa bandeira da inclusão, é melhorar o ambiente na classe contábil para que as minorias possam se sentir mais abraçadas, mais acolhidas. Nós tivemos testemunhos de professores que, dentro da sala de aula, viram muitos alunos desistirem, porque não se sentiam acolhidos, não se sentiam parte dessa profissão. Então, é claro que estamos falando aqui de uma mudança de cultura, estrutural”, disse.
A diretora destacou ainda a linha de atuação da bandeira inclusiva do CFC. “Nossa pauta está muito alinhada às ODS da ONU. Está vinculada às tendências da Federação internacional (IFAC). Então, a gente tem muita coisa a fazer.”, afirmou. Lembrou também da complexidade e da sensibilidade que carrega esse tema. “Temos um trabalho enorme pela frente. Qualquer um que faz parte de um grupo de minoria, só quem sente a discriminação, sabe quanto que isso corrói a nossa alm, nosso espírito, porque não é a capacidade técnica, científica ou intelectual das pessoas, mas sim ser taxado ou discriminado porque nasceu nordestino, mulher, negro ou portador de necessidades especiais”, ressaltou.
17 de maio é o Dia Internacional do combate à Homofobia, a Transfobia e a Bifobia e 28 de junho é o Dia internacional do Orgulho LGBTQIA+. Ao longo desses dois meses, o CRCPR Online repercutirá as importantes discussões resultantes do 1º Encontro das Comissões de Diversidade e Inclusão de CRCs, a fim de ampliar o alcance deste tema, contribuindo para a fomentar a equidade no profissão contábil.
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