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Empresário lança livro e mostra porque a Contabilidade é um grande negócio




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O profissional contábil e empresário Luiz Fernando Martins Alves acaba de lançar o livro “Contabilidade é um grande negócio”, no qual reúne experiências e segredos do sucesso de empresários contábeis de todo o Brasil. O autor, que também é formado em Direito, já atuou em várias frentes da Contabilidade, como no Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (conselheiro suplente), Instituto Sescap-PR (diretor) e Conselho de Contribuintes do Município de Curitiba (membro julgador). Atualmente, Luiz Fernando é vice-presidente jurídico da Federação dos Contabilistas do Paraná (Fecopar) e vice-coordenador da Câmara Setorial de Contabilidade da Associação Comercial do Paraná. Em entrevista ao CRCPR Online, ele fala sobre sua obra e faz observações acerca da profissão.

CRCPR Online - O que o levou a escrever o livro?

Luiz Fernando - Em 2013 eu estava no mercado há mais de dez anos, mas não estava totalmente satisfeito com o desempenho da minha empresa. Participei de um programa de gestão para reorganizar o negócio e conheci outros empresários que tinham as mesmas dúvidas, receios e problemas. Após a troca de experiências simples, obtidas em diálogos corriqueiros, implementei medidas que melhoraram os resultados da minha empresa. Foi quando percebi que poderia alavancar o desempenho visitando mais escritórios para conversar com os colegas pontualmente sobre a condução de empresas de contabilidade. Decidi realizar essas visitas pessoalmente e transformar os dados coletados em um estudo, já que não havia, até aquele momento, fontes de pesquisa que tratassem do tema com a profundidade que eu precisava. Dois anos depois, comecei a minha jornada e visitei 50 empresas de contabilidade de todo o País.

Online - Notou alguma diferença no trato dos negócios nas regiões distintas que o senhor visitou?

LF - Busquei agregar dados que oferecessem uma amostragem ampla ao leitor e usuário das dicas a serem reunidas na obra. Por isso, a pesquisa envolve, além das capitais, municípios muito pequenos, como São Sebastião do Caí (RS), com cerca de 23 mil habitantes. Posso dizer que tanto as dificuldades de gestão, entrada e permanência no mercado, conquista de novos clientes, assim como os bons frutos e características de sucesso no negócio contábil são comuns a todas as empresas que visitei. As diferenças estão mais relacionadas ao porte do município, independente da região ou do Estado em que ele se situa. Nas cidades menores, por exemplo, a especialização de serviços prestados é mais difícil porque o mercado já é pequeno e isso afeta o potencial de atração e absorção de clientes; ao contrário do que ocorre em grandes centros, onde é possível filtrar quais tipos de serviços a empresa pretende desenvolver.

Online - No primeiro capítulo, intitulado “A fórmula mágica do sucesso”, o senhor afirma que não existe receita pronta para o triunfo. Ainda assim, consegue listar pelo menos um ingrediente indispensável para um empreendimento contábil bem-sucedido?

LF - A formação de uma boa equipe, com certeza. Isso é fundamental. Para que um empresário alcance o sucesso desejado, ele não precisa se esgotar operacionalmente em atividades que oneram o seu tempo e não agregam qualidade aos seus serviços. Ele precisa se desvencilhar disso contando com uma equipe qualificada que faça com maestria o que ele não pode fazer enquanto conduz o seu negócio de forma estratégica, ao fazer novos contatos, marketing empresarial e pessoal. Não há problema algum em se dedicar à contabilidade e exercê-la continuamente em seus aspectos operacionais e técnicos, mas isso não condiz com a realidade das empresas que conheci. Além disso, a atmosfera que paira na empresa é muito importante. Boas equipes são formadas por membros que se satisfazem por atuarem juntos; visitei escritórios com essa característica vibrante e presenciei colaboradores comemorando cada negócio fechado, pela “simples” entrega ao cliente de serviços bem feitos.

Online - Além da prestação de serviços de qualidade e dos valores éticos no exercício da atividade contábil, há alguma forma diferencial de atrair e manter clientes?

LF - A qualidade, sozinha, não basta. O contador deve saber divulgar que o serviço dele é bom. Se há algo que procuro fazer em minha empresa – e isso não é nada fácil – é mostrar ao meu cliente quanto e como trabalho por ele, porque a maioria das coisas ele não vai perceber, a menos que eu diga. Geralmente, o cliente acha que paga ao contador pela não prestação de serviços, ou que a empresa de contabilidade não está se esforçando em atendê-lo, visto que as demandas daquele cliente possuem um padrão periódico. Quando surge uma situação atípica que leva o cliente até o escritório de contabilidade, a relação fica abalada, especialmente se for um caso complexo que não pode ser sanado imediatamente. Na percepção desse cliente, ele não costuma importunar o contador e nas raras vezes em que o faz, o profissional não está empenhado em atendê-lo. Saber valorizar o que se faz por um cliente evita esse tipo de atrito. Evidenciar que a folha de pagamento da empresa dele é realizada pontualmente e sem percalços, que o balanço patrimonial é bem estruturado, o recolhimento dos impostos está em conformidade com os requisitos legais ou que há uma série de obrigações acessórias em dia também são formas de o contador e sua equipe valorizarem o próprio trabalho.

Online - Em matéria recente, a revista Veja divulgou que a contabilidade tem 94% de chances de ser extinta e uma das razões para isso é a crescente tecnologia, que tende a substituir homens por máquinas. O texto endossa análises divulgadas pela grande imprensa anteriormente, despertando o receio de profissionais experientes e de quem está apenas pensando em começar a desenvolver a atividade contábil, como jovens ainda em formação na área. O senhor acha que a tecnologia constitui uma ameaça real e iminente para a profissão?

LF - De forma alguma. A tecnologia só é perigosa para quem não sabe utilizá-la. Conheci empresários que não pouparam na hora de investir em tecnologia, arejaram seus negócios e, consequentemente, melhoraram o desempenho da empresa. E olha que estou falando de quem percebeu a importância disso lá na década de 80 (quando computadores custavam tão caro quanto automóveis), e que continua de olho no que as inovações podem proporcionar para seus escritórios. Além de aproveitar as novas ferramentas, é necessário investir em treinamento de pessoal de forma constante. Quanto às previsões sobre o fim da contabilidade, elas se baseiam em contextos de outros países e têm como parâmetro a figura do book-keeper, um profissional cujas atividades são simplificadas se comparadas às do contador brasileiro. O book-keeper tende a desaparecer porque, de modo geral, ele apenas compila dados, e isso as máquinas podem fazer, certamente. Entretanto, mesmo que a contabilidade possa recorrer à tecnologia, a complexidade de normas no Brasil é tão avassaladora que é inimaginável pensar, hoje, que a figura do contador vai sumir. Eu penso que essa complexidade também favorece a nossa profissão, porque as empresas não se interessam pela parte burocrática que envolve o seu funcionamento, e acabam delegando todo o trabalho que elas consideram maçante ao contador. Essas análises não se aplicam à contabilidade brasileira porque ignoram os moldes legais e tributários do nosso País, os quais somente podem ser desbravados em toda a sua complexidade por profissionais com atribuições e qualificações que estão além daquelas efetivadas pelo book-keeper.


O livro "Contabilidade é um grande negócio" foi publicado pela Editora Conhecimento.