No dia 24 de maio, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) promoveu em todo o país, o Dia D da Educação Contábil, para discutir a proposta de alteração da Resolução CNE/CES nº 10, de 16 de dezembro de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado.
No Paraná, o Dia D da Educação Contábil foi transmitido ao vivo pela TV CRCPR, das 9 às 11 horas, promovendo um debate sobre mudanças na grade curricular. As discussões foram conduzidas pelo presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR), Laudelino Jochem. Participaram do debate os vice-presidentes de Desenvolvimento Profissional, Michel Gulin Melhem, e Administração e Finanças, Everson Breda Carlin; o presidente da Academia de Ciências Contábeis do Paraná (ACCPR), Moacir Carlos Baggio; a doutora Editinete André da Rocha Garcia, representante da Comissão Nacional de Educação Contábil do CFC, e o coordenador da Comissão de Coordenadores e Professores de Cursos de Ciências Contábeis do CRCPR, Cesiro Aparecido da Cunha Júnior.
Na abertura, o presidente Laudelino Jochem teceu agradecimentos ao presidente do CFC, Aécio Dantas, e à presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), Maria Clara Cavalcante Bulgarim, que coordena a Comissão Nacional de Educação Contábil do CFC, por liderarem esse debate em âmbito nacional. "Vivemos um momento ímpar da história da contabilidade brasileira. Todos sabemos que a velocidade das mudanças que a contabilidade vem vivenciando é muito grande e por isso precisamos atualizar e rever as diretrizes curriculares, uma responsabilidade também das universidades, de levar todas essas mudanças que o mercado vivencia para a formação de novos profissionais", afirmou.
Para o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CRCPR, Michel Gulin Melhem, o desafio hoje parece não ser mais o acesso à informação, que está disponível cada vez mais de forma gratuita e por meio de diversas plataformas de comunicação. "Dessa informação, o que o estudante e o profissional consegue assimilar e transformar em conhecimento, e desse conhecimento, o que ele consegue transformar em entrega, em valor agregado a suas equipes, a seus clientes? Se esse desafio de entrega de valor agregado faz parte do dia-a-dia dos escritórios, das consultorias, por que não aproveitarmos esta oportunidade para trazer o currículo da área acadêmica cada vez mais perto da realidade do mercado e assim formarmos profissionais cada vez mais preparados para lidar com as demandas atuais?", indagou, incentivando a todos a contribuir com ideias e sugestões neste processo de discussão.
Na sequência, o coordenador da Comissão de Coordenadores e Professores de Cursos de Ciências Contábeis do CRCPR, Cesiro Aparecido da Cunha Júnior, comentou que se sente muito honrado em poder participar desse momento histórico para a profissão, passando a seguir a apresentar uma palestra detalhando as alterações propostas na minuta do documento a ser encaminhado pelo CFC ao Ministério da Educação (MEC), que está em audiência pública no portal Participa + Brasil até 31 de maio.
A visão do mercado foi o tema da participação do vice-presidente de Administração e Finanças do CRCPR, Everson Breda Carlin, que acumula uma vasta experiência como empresário, consultor e professor de cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis. "O grande desafio da formação do profissional da contabilidade é unir a teoria e a prática, porque - pela minha experiência - a grande maioria dos alunos da graduação não tem a menor ideia que como são aplicados os conhecimentos adquiridos na universidade", comentou. A seguir, listou uma série de mudanças de conceitos que em tempos mais recentes revolucionaram o mundo contábil, tais como impairment, arrendamento, ajuste a valor presente, combinação de negócios, valor justo, instrumentos financeiros, entre outros, que trouxeram para o mercado uma mudança de cultura. Nesse novo contexto, citou como competências necessárias para o sucesso profissional, além da técnica contábil, o conhecimento de novas tecnologias, normas societárias, gestão e liderança, princípios éticos e regras de compliance e o domínio de uma língua estrangeira, minimamente o inglês.
Para o presidente da ACCPR, Moacir Carlos Baggio, no contexto atual, não é possível que o ensino de Ciências Contábeis prossiga com uma grade curricular estabelecida há 18 anos. "Tudo mudou! O mundo mudou! A nossa profissão contábil mudou, e bastante! Estamos na era dos robôs, dos drones, e não podemos voltar atrás. Fazer essa adequação dos currículos para que possamos proporcionar aos estudantes uma capacitação mais adequada para desenvolverem suas atividades", comentou, destacando os pontos da proposta que enfatizam o desenvolvimento de habilidades, competências comportamentais e atitudes dos estudantes e saudando a proposta de obrigatoriedade de estágio, o fim da obrigatoriedade do TCC e a valorização das atividades de extensão.
A doutora Editinete André da Rocha Garcia enalteceu o trabalho em equipe como sendo o grande responsável pela apresentação de uma proposta que visa a excelência e que vem sendo desenvolvida por um grupo de nove acadêmicos e profissionais de diversas partes do país desde 2021, incentivando a todos interessados a opinarem por meio do envio de sugestões, em especial os stakeholders . Ela explicou que a comissão analisou diversos documentos sobre o ensino de Ciências Contábeis emanados das principais instituições internacionais. "A abordagem baseada em competências não é apenas uma demanda, mas já representa uma realidade aplicada em muitas grandes universidades pelo mundo", comentou. Falou ainda sobre a abordagem voltada para os stakeholders ou partes interessadas. "Isso já é uma realidade da qual não podemos fugir. O Fórum Econômico Mundial já está está dando destaque ao capitalismo das partes interessadas", exemplificou. Por fim, destacou a inserção do profissional da contabilidade como protagonista dentro das organizações, desde o planejamento estratégico até a tradicional etapa de controle. "A partir dessa abordagem por competências, o egresso terá a possibilidade de aprender a aprender. Eu sempre considerei isso um dos fatores mais importantes ao selecionar alguém para trabalhar comigo", comentou.
O presidente Laudelino finalizou os trabalhos agradecendo aos debatedores e, em especial, aos participantes, que proporcionaram uma intensa troca de experiências e ideias por meio do chat da transmissão. "Realmente entendo que este Dia D vai ficar na nossa história e nas nossas mentes pelas contribuições que fizemos e isso tem que se repetir com muita frequência, porque é necessário promovermos essa mudança de cultura", finalizou,
Para quem não foi possível participar da transmissão ou desejar rever o debate, a gravação completa está disponível na TV CRCPR.
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