Audiência pública discute desburocratização para a abertura de empresas
A burocracia enfrentada pelos cidadãos que sonham abrir uma empresa no Brasil, e em especial no Paraná, bem como as iniciativas encabeçadas no intuito de simplificar esse processo no Estado, estiveram em pauta na última terça-feira, 24, no Plenarinho da Assembleia Legislativa (ALEP). A audiência convocada pelo deputado e presidente da Comissão de Indústria e Comércio da Casa, André Bueno, contou com a presença de representantes do governo e de entidades envolvidas com o assunto. Na plateia, convidados como o conselheiro e vice-presidente de Relações Socais do CRCPR, Armando Santos Lira, e o conselheiro Narciso Doro Junior, presidente do Sicontiba, participaram do debate sobre a temática que afeta sob vários aspectos a classe contábil.
Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. (Nani Gois/Alep)
Mesa de autoridades
Com uma crítica ao sistema demasiadamente burocrático para a criação e legalização de empresas, que acaba perdendo empresários promissores para as vagas ofertadas, por exemplo, pelo serviço público em todo o país, o secretário de assuntos estratégicos do Governo Estadual, Edson Luiz Casagrande, abriu as discussões na ALEP, às 9h30. O Programa Estadual de Desburocratização do Estado, apresentado por Casagrande, atua por meio de um comitê do qual participam órgãos estaduais e entidades que influenciam direta ou indiretamente nos procedimentos exigidos para a abertura de empresas. Os esforços são direcionados para a redução de entraves de liberações, autorizações e certidões às empresas que querem iniciar suas atividades.
“Um ambiente desburocratizado gera menos tributo e mais agilidade nos serviços. O cidadão tem prazos com os órgãos públicos. Mas os órgãos públicos não têm prazos com o cidadão. Temos que inverter esta lógica” – argumentou o secretário.
O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (SESCAP-PR), Mauro Cesar Kalinke, falou a respeito da desburocratização de abertura de empresas na visão dos empresários contábeis. Ele resgatou na audiência o Projeto de Abertura de Empresas em Oito Horas, elaborado ainda em 2010 em parceria com o CRCPR, a Federação dos Contabilistas do Paraná (Fecopar) e o Sindicato dos Contabilistas de Curitiba (Sicontiba). O projeto que prevê a abertura de empresa sem laudo liberatório, foi encaminhado para apreciação de lideranças em âmbitos municipal, estadual e federal.
A uma empresa com um único empregado são impostas 55 obrigações legais, sete inscrições e matrículas, três números de identificação e 16 registros e controles trabalhistas – dentre outras exigências para o início das atividades, conforme pontuou César Rissete, responsável pela área de políticas públicas de apoio às micro e pequenas empresas do SEBRAE/PR. “Temos que pensar no processo de simplificação, de racionalização de procedimentos e do cadastro único. Imagine ter que bater em seis, sete portas diferentes, para tirar uma certidão”, ponderou.
“É preciso agora que os poderes constituídos saiam da inércia das reuniões e partam para a ação efetiva. Querer não é suficiente, o importante agora é realizar. Certamente a classe contábil está pronta para apoiar tudo o que seja feito para desburocratizar a abertura de empresas” – avalia o conselheiro do CRCPR Armando Lira, para quem, tanto os problemas como as soluções que podem ser adotadas neste caso são há muito tempo conhecidas.
Na prática - A iniciativa de Cascavel para legalizar pequenos negócios e retirá-los da informalidade, o Programa Empresa Fácil, implantado há dois anos, foi apresentado pela secretária municipal de Indústria, Comércio e Turismo da cidade Susana Gasparovic Kasprzak. “Trabalhamos de forma integrada com vários setores cooperados. A proposta é facilitar o ingresso dos micro e pequenos empresários, capacitando empreendedores, viabilizando o acesso ao crédito, além de disponibilizar contatos e profissionais na orientação desta nova empresa”, explicou.
Armando Lira
REDESIM - A previsão é que até o final de 2012 seja implantado no Paraná o sistema interligado de informações simplificadas, REDESIM, unificando o envio de dados aos órgãos competentes nas esferas municipal, estadual e federal, para a constituição de novos empreendimentos. “Muitos estados que não aderiram à REDESIM demoram de 30 a 90 dias para viabilizar a abertura de uma empresa”, comentou o deputado Bueno. O parlamentar disse que o Paraná avança consideravelmente com o envio simplificado de dados, e destacou o acerto de alternativas de incentivo aos micro e pequenos empresários, como a facilitação de crédito, o acompanhamento contábil e a realização de cursos de aperfeiçoamento.
O presidente da Junta Comercial do Paraná, Ardisson Akel, que representou o governador Beto Richa, encerrou a audiência enfatizando que a desburocratização é uma meta do governo. “Para formar uma empresa é preciso de pelo menos quatro registros. As informações apresentadas em um órgão às vezes são exigidas por outros. É como enxugar gelo. E pensando nisso queremos concentrar esforços nesta rede para a replicação de dados, também estabelecida nos contratos de gestão”.