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Considerações sobre o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) em relação a outros países
"O presente artigo tem como objetivo oferecer uma análise atualizada e comparativa do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), implementado pela Reforma Tributária em relação às práticas fiscais dos principais países do mundo, considerando os desdobramentos até 28 de junho .
A Reforma Tributária, aprovada no Brasil em 2024, instituiu um IVA dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios. A alíquota combinada inicial foi estimada em cerca de 26,5%, mas após ajustes no Congresso e desonerações em setores como alimentos e medicamentos, o Secretário Especial da Reforma Tributária, Bernardo Appy, revisou a projeção para entre 28% e 28,4%. Essa alíquota, se confirmada, posicionaria o Brasil com a mais alta taxa de IVA global, gerando debates intensos sobre seu impacto econômico e social.
Contexto Internacional do IVA
Com base em nossas pesquisas mais recentes, levantamos dados sobre as alíquotas de IVA praticadas em países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que atualmente conta com 38 nações. A média ponderada das alíquotas, ajustada pelo PIB de cada país, permanece em 17%, excluindo os Estados Unidos, que não adotam IVA, mas aplicam um imposto sobre vendas variável entre 4% e 11%.
Comparação com o Brasil
Se a alíquota brasileira for fixada em 28% — considerada a mínima viável após as desonerações aprovadas — o Brasil superará a Hungria (27%), tornando-se o país com a maior alíquota de IVA do mundo. Essa taxa representa um aumento de 65% em relação à média ponderada da OCDE (17%), o que levanta preocupações sobre sua adequação ao contexto econômico brasileiro, marcado por uma carga tributária já elevada (32,3% do PIB em 2025, segundo a Receita Federal).
Recentemente, em 25 de junho, o Congresso Nacional rejeitou a proposta de alta do IOF, que buscava arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 para compensar déficits. Essa decisão intensificou o debate sobre o IVA, com parlamentares pressionando por ajustes na alíquota ou cortes de gastos, em vez de novas onerações. A não aprovação do IOF pode forçar o governo a revisitar o IVA, possivelmente reduzindo-o para cerca de 26% ou ampliando desonerações, conforme sugerido por especialistas do Instituto Fiscal Independente (IFI).
Impactos e Desafios
A alíquota de 28% pode gerar os seguintes efeitos:
A sociedade civil e o setor empresarial têm cobrado monitoramento rigoroso, com dados preliminares de junho de 2025 indicando que o comércio já enfrenta aumento de 2,5% nos preços de bens industrializados devido à transição para o IVA. O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) recomenda um diálogo contínuo entre governo, Congresso e contribuintes para ajustar a alíquota, visando um equilíbrio entre arrecadação e justiça fiscal.
Em suma, até 28 de junho de 2025, o IVA brasileiro, com alíquota projetada entre 28% e 28,4%, destaca-se como a mais alta global, superando em 65% a média da OCDE (17%). A rejeição da alta do IOF reforça a necessidade de reavaliação, potencialmente reduzindo a alíquota ou ampliando desonerações. É imperativo que o governo monitore os impactos econômicos e sociais, assegurando que o tributo promova desenvolvimento sem comprometer o bem-estar da população. A evolução dessa política será crucial nos próximos meses, especialmente com a implementação plena do IVA, no período de oito anos, paulatinamente, a partir de 2026."
Artigo por João Eloi Olenike
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