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Artigo - Ética e o Valor Profissional


Por Daniel Dallagnol*

Este artigo pretende ressaltar que o profissional ético é aquele que agrega valor aos seus serviços, conferindo-lhe idoneidade, honestidade e segurança no trabalho entregue.

Muito se tem ouvido falar nos últimos tempos sobre ética ou a falta dela. Só para citar, o Brasil recente viu sua história ser bordada com as linhas cinzas nos panos rotos pela corrupção. Inúmeras foram as indagações que todos nós nos fizemos: Onde está a matriz destas questões tão graves, surgidas sob o pálio do poder central e com tanta tranquilidade, ainda que falsa no seu princípio?


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"Enfim, o que têm estas questões todas a ver conosco? Tudo. É a resposta que cabe a esta pergunta."





Onde estão as razões para tamanhos atos de desfazimento dos valores mínimos esperados daqueles que devem dar satisfações à sociedade e exemplos para serem seguidos?

Para estas e outras perguntas nem sempre encontramos respostas objetivas, por complexas que são todas estas questões, contudo, é certo que não estavam presente naqueles atos indigitados os melhores princípios éticos.

Todos ficamos perplexos com o ocorrido, seja pela desfaçatez, avidez ou qualquer outra motivação, porque não importa o nome que se possa dar, mas sim os fatos em si mesmos. No fim, a nação se viu maculada nas mais belas aspirações republicanas de paz, liberdade, justiça, ordem e progresso.

Enfim, o que têm estas questões todas a ver conosco? Tudo. É a resposta que cabe a esta pergunta. Não somos responsáveis pelo que os outros fazem, poderíamos argumentar, de maneira até justa e sensata. Mas, não há como nos vermos sem culpas neste processo, na medida em que no foro de nossas atribuições também cometemos deslizes, pequenos uns, maiores outros, ainda assim sem justificativas.



A propósito do tema desta matéria – Ética e o Valor Profissional – buscaremos refletir quanto às nossas responsabilidades como elementos que interagem com a sociedade a partir de nossas ações. Não é desconhecido de todos nós que as sociedades nada mais representam que o coletivo das individualidades. Sob este princípio o que acontece no Brasil é do interesse de nosso quintal.

O Contador poderia estar se perguntando, e daí, o que tenho a ver com todas estas questões de ética? Estamos falando de ética profissional? Não somente. Quando tratamos de ética, não podemos reduzi-la somente àquela que trata da natureza profissional, e sim transpormos as comportas limitadas desta para uma maior, que é a do Ser Humano.

Todo o profissional que impõe a si mesmo viver com ética, não se limitará às expressões menores dela, uma vez que, por princípio, não há pessoas mais ou menos éticas. Ou elas são éticas, ou não as são.

Nem todos nos damos conta de que ética é um nobre investimento. Investimento que agrega valor ao produto final. Produto aqui é usado na mais vasta expressão do termo.

Parece que não despertamos ainda para o valor da ética em nossas ações, sejam elas do campo profissional ou pessoal. Ética é uma embalagem que qualifica e embeleza o produto. Nós também somos produtos. Vendemo-nos a partir daquilo que apresentamos como elemento de atração aos que nos buscam.

Quanto custa a ética para nós? Nada. Quanto vale? Muito! Nem sempre podemos dimensionar. Sabe-se que para o contador, afeito às questões numéricas, de débitos e créditos, com ou sem as partidas dobradas, conforme aprendido outrora nas magistrais lições da academia, de fato temos dificuldades em aferir sem os números o que ética significa e vale.

Não nos iludamos com as coisas. Nossa sociedade, que se estrutura em novas bases, busca em tudo e em todos um novo elemento, de pesquisa e escolha, ainda que não se dê conta que isso esteja acontecendo. Esse elemento é a Ética. Que só é novo porque desperta agora esta necessidade, tão antiga quanto a própria humanidade.

Ser ético é comprometer-se com valores pessoais, sociais, legais e morais. Não se ensina ética, vive-se, já que ética é um comportamento vivido e não falado.

Daí perguntarmos mais uma vez, como ser ético? No que a ética agrega valor ao profissional? Poderíamos iniciar as respostas com auxílio da psicologia reversa, dizendo: não seja ético só para experimentar o quanto se perde e os problemas que irão surgir, seja de ordem legal, criminal, profissional ou de outros campos.

Quando se afirma que ser ético agrega valor profissional aos serviços, estamos querendo dizer que é imperativo para o sucesso em todos os setores da vida se pautar com ética, porque este é um valor que confere confidencialidade, respeito, segurança, confiança e muito mais.

Assim, nobre profissional da contabilidade, a decisão de adotar conduta reta é de foro íntimo. Não é necessário fazer um rol que possa indicar se tais ou quais posturas são éticas. Aquele que constrói sua jornada pessoal com esforço no campo da dignidade intui naturalmente a que valores deve estar comprometido, contabilizando assim os créditos pessoais junto à sociedade que serve.

* Daniel Dallagnol é servidor público do quadro efetivo do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, como Inspetor de Controle Externo. Bacharel em Ciências Contábeis pela FAE-Faculdade de Administração e Economia e pós-graduado em Auditoria e Controladoria, Gestão de Pessoas, e Psicologia das Organizações.