Desde o dia 16 de janeiro, as agências do INSS de todo o país estão atendendo o público com horário ampliado. O problema é tão grave que, em 30 de novembro do ano passado, contabilistas, que estão entre os principais usuários do sistema, lideraram uma passeata, no centro de Curitiba, contra as filas e o mau atendimento do INSS e também da Receita Federal.
O horário estendido, porém, pouco ou nada parece ter contribuído para eliminar as filas, as esperas na frente dos guichês e a lentidão na liberação de serviços e na análise de processos. É que há uma equação a ser considerada: o horário foi ampliado, mas o número de atendentes é o mesmo; além disso, o volume de serviços cresce diariamente. Só no mês de janeiro, as agências de Curitiba, por exemplo, registraram um aumento de 15% a mais de atendimentos.
Segundo a gerente executiva do INSS em Curitiba, Cinara Wagner Fredo, foi preciso fazer remanejamento de pessoal por causa das quatro horas a mais diariamente. Conforme Cinara, somente com novas contratações é que será possível diminuir, ou acabar com as filas, pois o número de funcionários, hoje, não corresponde, à necessidade das agências.
Para o contabilista e usuário do INSS, na capital, Laércio Strapação, esticar o horário não mudou em nada. Conforme ele, “de nada adianta ampliar o horário se não há mais pessoas especializadas no atendimento”. Para Laércio, o horário deveria ser o mesmo que o comercial e ainda há a necessidade urgente de uma reformulação e uma revigorada no padrão de atendimento. “É vergonhoso o que acontece, ter que ir às 6 da manhã para a fila. Isso é um descaso com o cidadão”, desabafa.
Em Maringá, onde o expediente vai agora até às 19 horas, a demora também continua. Segundo Maria Aparecida Pupim, não foi sentido nenhum efeito: “O atendimento é o mesmo, não tem pessoal suficiente e especializado para atender. A estrutura também é ruim. Pra nós não ajudou em nada.”
Em Guarapuava, Zeli Terezinha Vaz Machado também é da opinião de que o atendimento ao público deveria ser em tempo comercial para todos os setores do INSS. “O horário ampliado foi só para um setor. Nosso trabalho não depende só desse setor, por isso muita coisa fica parada por causa dessa burocracia. Não é só o horário que tem que aumentar. É preciso mais funcionários atendendo”, observa.
Em Paranavaí, por exemplo, o horário continua o mesmo e a demora também. Segundo Antônio Carlos Utrila Garcia, “pra ampliar o horário é necessário, antes de tudo, aumentar o quadro de funcionários. Pois de nada adianta ampliar o horário de atendimento com quadro reduzido de atendentes. Isso só acarretaria em mais atendimentos”.
Já em Cascavel, segundo o contabilista Waldomiro Kluska, pôde-se observar mais agilidade nos processos. “Agora o motoboy vai e volta bem mais rápido que antes. Os colegas também comentam que esta mudança melhorou bastante”, destaca.