Em “A Vingança dos Sith”, George Lucas procura mostrar “como uma democracia se transforma em ditadura e como uma pessoa boa se torna má”. De admirado herói, Anakin Skywalker passa a amaldiçoado vilão. A última saga de Star Wars apresenta tramas de luta pelo poder, traição e corrupção.
Mas não é somente em galáxias distantes e imaginárias que as coisas são assim. Se pudesse ser mostrada à luz dos efeitos especiais do cinema, a realidade no nosso planeta superaria em muitos graus o poder de dramaticidade da ficção.
A corrupção, como revela a imprensa brasileira, ameaça as nossas instituições. E o que mais surpreende é que o governo, que deveria ser o principal interessado em combater o mal, tem inexplicavelmente procurado esconder os fatos e impedir as investigações.
A situação chegou ao ponto atual porque, completamente equivocado, o governo do PT minimizou os deslizes de Waldomiro Diniz, assessor do ex-ministro José Dirceu, acusado de receber propinas; procurou desviar as atenções dos escândalos envolvendo o ministro da Previdência, Romero Jucá, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; tentou depois o quanto pôde abafar as denúncias de corrupção nos Correios e sobre a distribuição do “mensalão” a parlamentares aliados.
Todo e qualquer sinal de desvio moral na área pública deve ser imediatamente investigado, e a verdade apresentada à sociedade. O governo não pode agir paranoicamente achando que esse tipo de postura é perseguição, intriga da oposição, trama para desestabilizá-lo. Os fatos mostram que não são poucos os brasileiros moralmente carentes; que, se tiverem oportunidade, metem a mão nos cofres públicos, cobram propina, usam a máquina em benefício próprio, compram votos, desviam verbas, fazem caixa dois, fraudam licitações, enriquecem ilicitamente... Essa lamentável prática é uma das causas da eterna escassez dos recursos públicos, apesar das arrecadações fabulosas.
Para combater essa forma de corrupção é urgente uma ampla reforma político-administrativa, proibindo o troca-troca oportunista de partidos, reduzindo ou eliminando de vez os cargos de confiança utilizados como moeda de barganha política e troca de favores, minando o fisiologismo, o clientelismo e o nepotismo; instalando regras de transparência e de auditagem na administração pública...
A corrupção precisa ser combatida o tempo todo, mas não da forma como temos feito, admitindo que se trata de herança cultural; pior: genética; pior ainda: um legado de Caim; não tem jeito; pau que nasce torto...
Tem jeito sim! A grande lição do novo episódio de Star Wars é que podemos escolher estar do lado do Bem ou do Mal. Está ao nosso pleno alcance mudar a história, alterar nosso comportamento e fazer a história, a começar pela clara definição dos valores que desejamos viver.
Mauricio Fernando Cunha Smijtink
Presidente do CRCPR