Folha do CRCPR - Como o senhor veio a participar do
Conselho Federal de Contabilidade?
Waldemar – Em novembro de 1991, eu era secretário
geral do Sindicato dos Contabilistas de Curitiba, pela terceira vez,
quando o então presidente do CRCPR Kenji Iwamoto e o vice-presidente
José Carlos Madalozzo, que estavam em Brasília para participarem
da eleição do CFC, na condição de delegados-eleitores
pelo Paraná, conseguiram uma cadeira de Técnico em Contabilidade
para o Estado. Na véspera das eleições, eles convidaram-me
para integrar a chapa como representante do CRCPR.
Folha do CRCPR - O senhor entrou no sistema e ficou
lá 12 anos. Que avaliação o senhor faz dessa experiência?
Waldemar – A avaliação de meus
trabalhos e desempenho como conselheiro do CFC, representando o CRCPR,
deixo a cargo de meus pares e colegas não só do Estado,
como dos próprios colegas que passaram pelo CFC nesses 12 longos
anos de mandato. O que posso dizer é que participei de inúmeras
comissões de trabalho, procurando sempre dar o melhor de mim,
comissões tais como da Junta Governativa que administrou o CRC-BA
por dois anos; de diversas comissões de Sindicância e de
Inquérito de Regionais; da comissão que instituiu o Código
de Ética Profissional do Contabilista (RES. 803/96); da comissão
que criou o exame de suficiência; da comissão que instituiu
e criou os critérios para que os conselheiros pudessem participar
de congressos e eventos nacionais e internacionais; da comissão
que criou a Norma de Procedimentos Processuais – atualmente em
vigor; da comissão que instituiu a obrigatoriedade do Contrato
de Prestação de Serviços; e tantas outras mais.
Folha do CRCPR – O que o senhor considera a
principal conquista do sistema CFC-CRCs nesse período?
Waldemar – Uma das principais conquistas do CFC
foi a modificação efetuada pelo saudoso e competente Ivã
Carlos Gatti, quanto à cobrança das anuidades que, antes
de 1991, era baseada na MVR, passando a partir de 1992, para a UFIR,
o que permitiu ao sistema CFC/CRCs, alavancar seus projetos e modernizar
suas estruturas administrativas e de fiscalização do exercício
profissional. Houve outras importantes conquistas, como a criação
do programa de educação continuada pelo presidente acima
mencionado, posteriormente complementada e ampliada pelos que o sucederam,
importante não só para os contabilistas, como também
para os estudantes. Ressalte-se ainda a criação do exame
de suficiência e a implementação e modernização
do programa de fiscalização em nível nacional,
de forma unificada e sob critérios estabelecidos por resoluções
e manuais.
Folha do CRCPR – Que impactos essas medidas
tiveram?
Waldemar – acredito que o sistema CFC/CRCs estava
necessitando dessas reformas e implementações, pois, antes
disso, não havia incentivo aos contabilistas e nem critérios
de fiscalização e orientação. Além
do que, o sistema era quase que desconhecido da sociedade, e até
mesmo dos próprios contabilistas; pouco ou quase nada se conhecia
do Dec.- Lei 9295/46, e das resoluções emanadas do CFC.
Muitos contabilistas sequer sabiam que deviam registrar-se no CRC para
exercer a profissão contábil.
Folha do CRCPR – Particularmente, quais foram
as suas principais contribuições?
Waldemar – Entendo que contribuí sempre
e muito para com a classe contábil brasileira e, notadamente,
a paranaense, pois participei ativamente de todos os trabalhos e comissões
dentro do CFC, dentre as quais aquelas já citadas. Sempre procurei
exercer as minhas atribuições de conselheiro como um representante
do Paraná. Há muito que o Estado não tinha uma
cadeira no plenário do CFC e era preciso demonstrar que a classe
contábil paranaense merecia esta cadeira tão almejada
e conquistada com muito trabalho pelos presidente e vice Kenji e Madalozzo.
Folha do CRCPR – A obrigatoriedade do contrato
de prestação de serviços, que o senhor ajudou a
aprovar, está em discussão novamente. Que vantagens ela
traz?
Waldemar – Desconheço que exista algum
debate a respeito do Contrato de Prestação de Serviços
exigido pelo CFC. As vantagens que a sua obrigatoriedade traz são
no sentido de evitar, ao máximo, a concorrência desleal
e o aviltamento de honorários. Também traz a garantia
ao contabilista do recebimento dos honorários pactuados e à
empresa contratante da prestação dos serviços,
estabelecendo regras escritas para o bom relacionamento das partes em
qualquer situação, garantindo-lhes os respectivos direitos
e obrigações, deixando assim de ficar ao livre arbítrio
e conveniência de uma das partes quando do seu rompimento.
Folha do CRCPR – Como o senhor lidou com o papel
de interventor, ao participar da junta governativa que administrou o
CRC da Bahia?
Waldemar – Na verdade, eu não era o interventor,
mas, membro da Junta Governativa que foi nomeada pelo plenário
do CFC, juntamente com os conselheiros Edgar Saul, Solindo Medeiros
e Mauro Nóbrega. Tínhamos a função de substituir
os conselheiros do regional, uma vez que todo o colegiado fora afastado.
Desta forma, foram distribuídas atribuições para
cada um dos membros da Junta Governativa, sendo que eu fiquei incumbido
de administrar a Câmara de Registro, Fiscalização
e auxiliar outro conselheiro na Câmara de Controle Interno. A
administração ficou a cargo do interventor, o colega Gerardo
de Paiva Gama, que ficou morando em Salvador para comparecer diariamente
ao Regional, cumprindo o horário normal de expediente, enquanto
que nós íamos dois a três dias por mês ao
Regional para desempenhar nossas atribuições e obrigações.
Posso afirmar que foi uma experiência extremamente válida
e de suma importância para o meu conhecimento.
Folha do CRCPR – O sistema CFC-CRCs vem enfrentando
sérias dificuldades para sustentar suas resoluções,
a exemplo do exame de suficiência. O que o senhor tem a dizer
sobre a questão?
Waldemar – Quanto à resolução
que criou o exame de suficiência, e de cuja comissão eu
participei, digo que a classe contábil e os estudantes que se
formam e ingressam na profissão ainda não entenderam o
espírito desta obrigatoriedade. O exame foi criado para fazer
uma pequena avaliação dos formandos que desejam exercer
a profissão contábil, já que nem todas as instituições
de ensino têm o tempo suficiente para ensinar-lhes a profissão
na prática. Alguns profissionais chegam ao mercado de trabalho
sem o conhecimento necessário para este mister. O exame serve
para avaliar o grau de conhecimento prático desse formando, a
fim de demonstrá-lo à sociedade.
Folha do CRCPR – O senhor acha que alguma das
reformas governamentais previstas pode levantar a questão da
desregulamentação dos conselhos profissionais?
Waldemar – Não creio que isso venha a
acontecer. O nosso congresso está por demais preocupado com as
reformas do judiciário, tributária, previdenciária
e política, e a desregulamentação da profissão
é um assunto fora dessas questões. Trata-se muito mais
de uma contingência do mercado externo, mais precisamente, de
organismos profissionais internacionais que querem ingressar em nosso
mercado de trabalho, face ao desemprego que assola os demais países,
especialmente os da América do Sul e do Norte, do que propriamente
da vontade política dos parlamentares e governo brasileiro.
Folha do CRCPR – A desregulamentação
do sistema traria benefícios ou não?
Waldemar – Se isto vier a ocorrer acredito que
trará muito mais malefícios do que benefícios.
Quem irá fiscalizar e nortear os profissionais de todas as áreas?
O governo? O Congresso Nacional? Vai criar-se uma nova agência
ou ministério para isso ou vai retornar ao Ministério
do Trabalho tal incumbência, o que aliás ainda existe.
São indagações que faço, às quais
não se encontram respostas convincentes.
Folha do CRCPR – Sendo paranaense, como o senhor
encaminhou as reivindicações do Paraná no CFC?
Waldemar – Sempre procurei atender a todas as
reivindicações do CRCPR, inclusive, quando da venda da
antiga sede da Rua Marechal Deodoro para o Sescap-PR, bem como os pedidos
de empréstimos, sendo que um dos últimos foi para a construção
da nova sede no alto da Rua XV. Entendo, com isso, que nada mais fiz
que cumprir a minha obrigação de conselheiro do CFC e
representante do regional paranaense.
Folha do CRCPR – O senhor está participando
de alguma entidade de classe no momento?
Waldemar – Não; no momento não
participo de nenhuma entidade da classe contábil.